Normalmente, o homem comum tem uma imagem muito distorcida
de Deus. Para começar, é uma imagem desfocada: afinal, Deus é um Ser
vago, impreciso, com suas barbas brancas e cabelos longos, ou então
totalmente invisível. É um Ser distante, que mora num lugar distante (no
céu, entre as nuvens) e não no seu coração e muito menos no âmago das
suas células. Mas tem lá o seu poder, pois Ele é o responsável por tudo o
que acontece de bom ou de ruim em sua vida. E é um Deus vingativo, que
culpa, pune, castiga, e por isso, deve ser temido. Não amado, mas temido.
Essa imagem revela o quão distante de Deus o homem se colocou.
Imerso na roda das encarnações, sepultado na matéria, o homem comum
perdeu o contato com Deus e, consequentemente, com a sua própria
essência.
Deus é o Grande Criador de todo o Universo, que está presente
em todas as suas criaturas, e somente irradia Amor, Luz, Paz, Pureza,
Sabedoria, Força, Misericórdia, Perfeição, ou seja, somente qualidades
e bênçãos, somente Harmonia. A Vontade de Deus é sempre Perfeição;
nela não há lugar para doença, limitação, morte ou dificuldade, que são
criações humanas, resultantes do envolvimento do homem com as forças
involutivas.
Da mesma forma, não existe (pelo menos originariamente) uma
antítese de Deus, como muitas visões religiosas pregam. A energia que
flui do Criador é sempre perfeita e harmônica, mas o homem pode usá-la
de acordo com o seu livre-arbítrio (capacidade dada ao homem por Deus,
para que ele seja capaz de discernir e escolher o que deseja fazer). No
momento em que o homem usa a energia de Deus para o mal, ou seja,
numa direção contrária à da evolução, surge aquilo a que chamamos de
mal ou pecado, que é uma criação ilusória e, portanto, relativa, transitória
(um dia, assegura a Grande Invocação, será “murada para sempre a porta
onde mora o mal”, e “a Luz, o Amor e o Poder restabelecerão o Plano na
Terra”).
Mas atualmente o mal ainda domina este planeta. Intensificado e
inteligentemente organizado, esse mal se propagou sobre a face da Terra.
Sua principal arma, ou o seu principal objetivo, é levar o ser humano a
se identificar com a matéria, especialmente com o corpo físico (que é
justamente o veículo mortal e o menor de todos os veículos do homem).
Para conseguir seu intento, a organização do mal dissemina a noção
de separatividade e de competição, estimula os desejos, a ganância, o
sentimento de posse, semeia as guerras. O resultado é o aprisionamento
da consciência humana e a manutenção indefinida desse estado de coisas.
Aqui na Terra, assim como em vários outros mundos ainda
dominados pela lei cármica ou material, o mal, que em essência é uma
forma-pensamento (chamada de forma elementar) que foi nutrida,
vivificada, acabou se solidificando, tomando forma, e se propagando até
envolver todo o planeta. Apesar disso, o mal não passa de uma ilusão e
está fadado a ser extirpado um dia.
Quando o homem parar de utilizar a energia de forma negativa e
não sustentar mais essa forma elementar, ela perderá força e acabará se
dissolvendo.
O homem é um cocriador, pois pode utilizar a energia perfeita
e pura, que lhe é dada, diariamente, por Deus e empregá-la naquilo que
desejar. Quando essa energia é utilizada em sintonia com as vibrações
perfeitas de Deus, o resultado também é Perfeição. No entanto, quando
a energia é utilizada com objetivos contrários à Lei Divina do Amor e da
Harmonia, o homem gera uma causa que trará um retorno. Quando ele
se dá conta do que gerou e do resultado de sua obra, tendo interesse em
dissolvê-la e repará-la, pode fazer isso e retornar novamente à Harmonia.
Mas se isso não acontece, o homem cria uma situação limitante
e negativa, que deverá ser consumida por quem a criou. Aí surge o carma
negativo. O carma negativo é o resultado das obras imperfeitas dos homens
e que o acompanha de uma encarnação a outra.

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